Em grupos, os participantes do Encontro de catequese de Porto Alegre, discutiram o texto "Buscar novas linguagens" , da revista Família Cristã, do mês de agosto 2010, de autoria de Maria Eugenia LLoris. fmvd., assessora do Setor Universidades da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil).
A Igreja e suas pastorais precisam utilizar melhor as novas linguagens dos meios de comunicação, sobretudo a internet, para dar maior alcance à sua mensagem.
Nossa dificuldade maior é que passamos despercebidos. Frente à grande quantidade de ofertas na sociedade, nossas propostas eclesiásticas ficam em segundo plano. E sentimos de alguma maneira que "nossa pastoral" não tem nem a força, nem a visibilidade, nem a articulação de anos atrás ... O que está acontecendo?
Levando em consideração as profundas transformações da sociedade e os avanços tecnológicos em todos os setores, experimentamos o próprio "despreparo" do momento presente. Não basta a profissionalização e a competência técnica, mas também a compreensão da evolução que a sociedade, o mundo e as nossas pastorais estão sofrendo. "Vocês não podem compreender, porque é o Espírito quem nos levará até a verdade plena" - lembra-nos o Evangelho.
Não compreendemos porque nossa verdade é parcial, fragmentada, setorizada. Assim como nosso conhecimento é parcial, também a nossa Igreja está fragmentada e setorizada em pastorais que invadem os nossos regionais de atividades, ofertas e informações. E como os que navegam pela internet, perguntamos:
Para qual pastoral clicamos? A qual dar prioridade? E todas essas ofertas aonde nos conduzem? Como viver uma Igreja de comunhão nesta multiplicidade de ofertas? .
A cultura da tecnologia e da comunicação atual é muito mais do que "usar" os meios de comunicação ou mandar algum e-mail aos nossos coordenadores. Essa cultura perpassa toda a nossa vida, e também nossa Igreja. A Igreja esforçou-se para compreender as novas mídias e progrediu na exigência de expressar-se com maior clareza. E esse esforço continua, mas, talvez, ainda não reflitamos nem compreendamos uma realidade do século 21: a cultura midiática é a cultura atual, sendo a comunicação o elemento articulador das mudanças em curso na sociedade. Se a comunicação é esse elemento essencial, que uso e reflexão fazemos nas nossas pastorais?
Consumidores da tela - Há ofertas na internet de retiros on-line, acompanhamento espiritual e até novenas nas quais você pode acender uma vela por uma semana. Tais ofertas para alguns segmentos da nossa Igreja causam estranheza e dúvida. Será esse o caminho da "nova evangelização"? É esse o uso que necessitamos dar aos meios de comunicação?
O papa Bento XVI afirmou que "não é suficiente usá-los (os meios) para difundir a mensagem cristã e o Magistério da Igreja, mas é necessário integrar a mensagem nessa 'nova cultura', criada pelas novas
as linguagens comunicações". A pergunta é: Integramos nossa mensagem nessas novas culturas, nessa nova linguagem?
A comunicação se apresenta como elemento articulador da sociedade e nós continuamos querendo fazer encontros presenciais, articular os regionais. O campo da comunicação se apresenta desarticulado, conflituoso e, por vezes, confuso em relação à velocidade e à complexidade com que se misturam mercado, tecnologia e necessidade do ser humano se relacionar, e isso é o que todos nós sentimos nas nossas pastorais.
Nosso trabalho é uma "janela", mas que se abre e disponibiliza notícias, avisos, informações ... O desafio é como fazer para que nosso site seja visitado e crie interesse. Talvez seja necessário compreender que as fronteiras se quebraram e é o internauta quem decide a fonte da qual bebe a sua intelectualidade e ética. Mas também é verdade que se criou um novo modo de se relacionar. A tecnologia, a internet, os e-mails, o orkut formam parte da cotidianidade das pessoas. Estudos afirmam que os jovens passam até oito horas no messenger, isso sem contar o uso no horário de trabalho. Nossa vida transcorre na frente de uma tela que forma nosso pensar e cria uma rede de comunicações.
Os consumidores da tela são incentivados a procurar informações e a fazer conexões em meio a conteúdos midiáticos dispersos. Trata-se de uma "cultura participativa", na qual os internautas interagem de acordo com um conjunto de regras que nenhum de nós entende por completo. E o que nós propomos está em direção contrária a essa cultura vigente, como encontros nos quais os assuntos são definidos e as formas de participação são presenciais, com palestras ou reflexões prontas.
Tema de interesse - Atualmente o jovem quer elaborar o seu próprio pensamento, investigar. Por que não chamar jovens consumidores de internet, técnicos e pastoralistas e elaborar um novo projeto para a nossa pastoral? Por que não criar espaços novos e não definidos de diálogo, nos quais as ideias possam fermentar no "escuro" do não determinado, do não conhecido, do tempo novo do amanhecer que ainda está por vir? É tempo de fermentar nossa pastoral nas adegas do pensamento e da realidade confusa atual, e não mostrar apressadamente O que ainda não é nem foi elaborado. Estamos em processo ...
O mundo está num dique, pelo que se encontram informações e também excessos. Algo importante nesse processo é a transformação comunicacional: "Nas múltiplas formas de conhecer, ser e estar - portanto, nos usos das novas tecnologias -, a mente, a afetividade e a percepção são agora estimuladas não apenas pela razão ou imaginação, mas também pelas sensações, imagens em movimento, sonoridades, efeitos especiais ( ... ), encenação de outras lógicas possíveis de construir realidades e se construírem sujeitos" -do livro Culturas juvenis no século XXI, organizado por Silvia Borelli e João Freire Filho, Editora Educ.
Nossos encontros, nossa maneira de apresentar, não atingiu a velocidade nem os outros âmbitos da imaginação, a sensação e a afetividade. Assistindo ao filme Anjos e demônios, fiquei impressionada com a sala cheia de jovens. E o que chamou a minha atenção foi a linguagem cinematográfica: filme rápido, de intriga, com simbologia e violência. E o assunto central era a religião, que é tema de interesse. Somos tema de interesse com linguagem e formas passadas!
Algumas conclusões a que chegaram:
- é preciso investir mais nos recursos de comunicação;
- é preciso contar com os(as) jovens que dominam a linguagem da comunicação;
- é preciso evangelizar ou levar o Evangelho à cultura da comunicação;
- os(as) catequistas precisam se formar para usar as novas linguagem da comunicação;
- propor valores humanos e cristãos através das novas mídias e utilizá-las com ética e critérios;
- importa fazer a comunicação na catequese, não "para" os catequizandos, mas "com" os catequizandos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário