Parábola da semente

"Saiu o semeador a semear..." (Mc 4,3)



sábado, 31 de julho de 2010

Curso Novas linguagens na Catequese

Aconteceu, na manhã do dia 31 de julho, na Livraria Paulinas,  Porto Alegre, um curso promovido pelo Setor Eventos e Cursos, coordenado por Irmã Jurema Andreolla, sobre Novas linguagens na Catequese. Participaram  catequistas de diversas Paróquias.
Momentos do Encontro




Seguem alguns conteúdos refletidos pelo grupo.

Buscar novas linguagens

Em grupos, os participantes do Encontro de catequese de Porto Alegre, discutiram o texto "Buscar novas linguagens" , da revista Família Cristã, do mês de agosto 2010, de autoria de Maria Eugenia LLoris. fmvd., assessora do Setor Universidades da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil).

A Igreja e suas pastorais precisam utilizar melhor as novas linguagens dos meios de comunicação, sobretudo a internet, para dar maior alcance à sua mensagem.

Nossa dificuldade maior é que passamos despercebidos. Frente à grande quantidade de ofertas na sociedade, nossas propostas eclesiásticas ficam em segundo plano. E sentimos de alguma maneira que "nossa pastoral" não tem nem a força, nem a visibilidade, nem a articulação de anos atrás ... O que está acontecendo?

Levando em consideração as profundas transformações da sociedade e os avanços tecnológicos em todos os setores, experimentamos o próprio "despreparo" do momento presente. Não basta a profissionalização e a competência técnica, mas também a compreensão da evolução que a sociedade, o mundo e as nossas pastorais estão sofrendo. "Vocês não podem compreender, porque é o Espírito quem nos levará até a verdade plena" - lembra-nos o Evangelho.

Não compreendemos porque nossa verdade é parcial, fragmentada, setorizada. Assim como nosso conhecimento é parcial, também a nossa Igreja está fragmentada e setorizada em pastorais que invadem os nossos regionais de atividades, ofertas e informações. E como os que navegam pela internet, perguntamos:

Para qual pastoral clicamos? A qual dar prioridade? E todas essas ofertas aonde nos conduzem? Como viver uma Igreja de comunhão nesta multiplicidade de ofertas? .

A cultura da tecnologia e da comunicação atual é muito mais do que "usar" os meios de comunicação ou mandar algum e-mail aos nossos coordenadores. Essa cultura perpassa toda a nossa vida, e também nossa Igreja. A Igreja esforçou-se para compreender as novas mídias e progrediu na exigência de expressar-se com maior clareza. E esse esforço continua, mas, talvez, ainda não reflitamos nem compreendamos uma realidade do século 21: a cultura midiática é a cultura atual, sendo a comunicação o elemento articulador das mudanças em curso na sociedade. Se a comunicação é esse elemento essencial, que uso e reflexão fazemos nas nossas pastorais?

Consumidores da tela - Há ofertas na internet de retiros on-line, acompanhamento espiritual e até novenas nas quais você pode acender uma vela por uma semana. Tais ofertas para alguns segmentos da nossa Igreja causam estranheza e dúvida. Será esse o caminho da "nova evangelização"? É esse o uso que necessitamos dar aos meios de comunicação?

O papa Bento XVI afirmou que "não é suficiente usá-los (os meios) para difundir a mensagem cristã e o Magistério da Igreja, mas é necessário integrar a mensagem nessa 'nova cultura', criada pelas novas
as linguagens comunicações". A pergunta é: Integramos nossa mensagem nessas novas culturas, nessa nova linguagem?

A comunicação se apresenta como elemento articulador da sociedade e nós continuamos querendo fazer encontros presenciais, articular os regionais. O campo da comunicação se apresenta desarticulado, conflituoso e, por vezes, confuso em relação à velocidade e à complexidade com que se misturam mercado, tecnologia e necessidade do ser humano se relacionar, e isso é o que todos nós sentimos nas nossas pastorais.

Nosso trabalho é uma "janela", mas que se abre e disponibiliza notícias, avisos, informações ... O desafio é como fazer para que nosso site seja visitado e crie interesse. Talvez seja necessário compreender que as fronteiras se quebraram e é o internauta quem decide a fonte da qual bebe a sua intelectualidade e ética. Mas também é verdade que se criou um novo modo de se relacionar. A tecnologia, a internet, os e-mails, o orkut formam parte da cotidianidade das pessoas. Estudos afirmam que os jovens passam até oito horas no messenger, isso sem contar o uso no horário de trabalho. Nossa vida transcorre na frente de uma tela que forma nosso pensar e cria uma rede de comunicações.

Os consumidores da tela são incentivados a procurar informações e a fazer conexões em meio a conteúdos midiáticos dispersos. Trata-se de uma "cultura participativa", na qual os internautas interagem de acordo com um conjunto de regras que nenhum de nós entende por completo. E o que nós propomos está em direção contrária a essa cultura vigente, como encontros nos quais os assuntos são definidos e as formas de participação são presenciais, com palestras ou reflexões prontas.

Tema de interesse - Atualmente o jovem quer elaborar o seu próprio pensamento, investigar. Por que não chamar jovens consumidores de internet, técnicos e pastoralistas e elaborar um novo projeto para a nossa pastoral? Por que não criar espaços novos e não definidos de diálogo, nos quais as ideias possam fermentar no "escuro" do não determinado, do não conhecido, do tempo novo do amanhecer que ainda está por vir? É tempo de fermentar nossa pastoral nas adegas do pensamento e da realidade confusa atual, e não mostrar apressadamente O que ainda não é nem foi elaborado. Estamos em processo ...

O mundo está num dique, pelo que se encontram informações e também excessos. Algo importante nesse processo é a transformação comunicacional: "Nas múltiplas formas de conhecer, ser e estar - portanto, nos usos das novas tecnologias -, a mente, a afetividade e a percepção são agora estimuladas não apenas pela razão ou imaginação, mas também pelas sensações, imagens em movimento, sonoridades, efeitos especiais ( ... ), encenação de outras lógicas possíveis de construir realidades e se construírem sujeitos" -do livro Culturas juvenis no século XXI, organizado por Silvia Borelli e João Freire Filho, Editora Educ.

Nossos encontros, nossa maneira de apresentar, não atingiu a velocidade nem os outros âmbitos da imaginação, a sensação e a afetividade. Assistindo ao filme Anjos e demônios, fiquei impressionada com a sala cheia de jovens. E o que chamou a minha atenção foi a linguagem cinematográfica: filme rápido, de intriga, com simbologia e violência. E o assunto central era a religião, que é tema de interesse. Somos tema de interesse com linguagem e formas passadas!

Algumas conclusões a que chegaram:
- é preciso investir mais nos recursos de comunicação;
- é preciso contar com os(as) jovens que dominam a linguagem da comunicação;
- é preciso  evangelizar ou levar o Evangelho à cultura da comunicação;
- os(as) catequistas precisam se formar para usar as novas linguagem da comunicação;
- propor valores humanos e cristãos através das novas mídias e utilizá-las com ética e critérios;
- importa fazer a comunicação na catequese, não "para" os catequizandos, mas "com" os catequizandos.

Leitura Orante na abertura do Encontro em Porto Alegre

Saudação
- A nós, a paz de Deus, nosso Pai,
a graça e a alegria de Nosso Senhor Jesus Cristo,
no amor e na comunhão do Espírito Santo.
- Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo!

Preparo-me para a Leitura, rezando:
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Creio, Senhor Jesus, que sou parte de seu Corpo.
Espírito Santo,
tu que vieste do Pai,
e que permaneceste conosco, em Jesus,
tu que habitas, pela fé, nos nossos corações,
abre-nos à Palavra!
Seja a nossa inteligência e a nossa vontade,
terreno bom,
onde tu possas trabalhar com liberdade,
de modo que a nossa vida
seja sinal eloquente da tua caridade.
Amém.
1. Leitura (Verdade)

O que diz o texto do dia?

Leio atentamente o texto, e observo pessoas, palavras, relações, lugares.
Mt 14,13-21

Ao saber o que havia acontecido, Jesus saiu dali num barco e foi sozinho para um lugar deserto. Mas as multidões souberam onde ele estava, vieram dos seus povoados e o seguiram por terra. Quando Jesus saiu do barco e viu aquela grande multidão, ficou com muita pena deles e curou os doentes que estavam ali.
- Já é tarde, e este lugar é deserto. Mande essa gente embora, a fim de que vão aos povoados e comprem alguma coisa para comer.
Mas Jesus respondeu:
- Eles não precisam ir embora. Dêem vocês mesmos comida a eles.
Eles disseram:
- Só temos aqui cinco pães e dois peixes.
- Pois tragam para mim! - disse Jesus.
Então mandou o povo sentar-se na grama. Depois pegou os cinco pães e os dois peixes, olhou para o céu e deu graças a Deus. Partiu os pães, entregou-os aos discípulos, e estes distribuíram ao povo. Todos comeram e ficaram satisfeitos, e os discípulos ainda recolheram doze cestos cheios dos pedaços que sobraram. Os que comeram foram mais ou menos cinco mil homens, sem contar as mulheres e as crianças.
Leitura e ressonância de palavras ou textos que mais  tocaram.

2. Meditação (Caminho)

O que o texto diz para mim, hoje? Qual palavra mais me toca o coração?
Entro em diálogo com o texto. Reflito e atualizo. O que o texto me diz no momento?
Jesus ensina a partilhar
Sabendo da morte de João Batista, Jesus se retira. Afasta-se daquele lugar, mas não do povo. Ele ama o povo e está atento às suas necessidades. Por isso, diz o Evangelho, "as multidões souberam onde ele estava, vieram dos seus povoados e o seguiram por terra". Era "de tardinha", hora do jantar. Os discípulos sugerem a Jesus que mande o povo embora para comprar algo para comer. Era mais fácil, segundo os discípulos. E Jesus encontra uma saída diferente: "Dêem vocês comida para eles". Neste texto aparecem dois tipos de sociedade: uma que tem como norma o comércio (comprar e vender) e outra em que a prática é a da sociedade de irmãos (dar e partilhar). Na sociedade do comércio, os pobres não têm vez. Na segunda, ninguém é maior e melhor que o outro. Tudo é repartido. Na primeira sociedade a preocupação é multiplicar, aumentar lucros. Na segunda, a preocupação é dividir e que nada falte a ninguém. Jesus abençoou os pães, partiu-os e os deu aos discípulos para que distribuissem às multidões. Todos comeram, ficaram satisfeitos e ainda encheram 12 cestos dos pedaços que sobraramO que o texto diz para mim, hoje?

3.Oração (Vida)
O que o texto me leva a dizer a Deus?
Oração pela Missão Continental
Senhor, Deus da vida e do amor,
enviastes o vosso Filho
para nos libertar das forças da morte
e conduzir-nos no caminho da esperança.
Movei-nos pelo dom do vosso Espírito!
Fazei-nos discípulos,
comprometidos com o anúncio do Evangelho em
nossa Pátria, em comunhão com a Missão Continental.
Fazei-nos missionários,
caminhando ao encontro de nossos irmãos e irmãs,
acolhendo a todos, sobretudo os jovens,
os afastados, os pobres, os excluídos.
Virgem Mãe Aparecida,
Intercedei junto ao vosso Filho,
para que sejamos fiéis ao nosso compromisso.

4. Contemplação (Vida/ Missão)
“Somos chamados a encarnar o Evangelho no coração do mundo”(Diretrizes da da Igreja no Brasil 2008-2009, no 21).
Como vou vivê-lo na missão? Com a partilha e buscando soluções para os problemas que encontrar: "Dêem vocês mesmos de comer".

Bênção
- Deus nos abençoe e nos guarde. Amém.
- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém.
-Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. Amém.
- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai e Filho e Espírito Santo. Amém.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

terça-feira, 22 de junho de 2010

A Renovação da Catequese no Documento de Aparecida

Os esforços pastorais orientados para o encontro com Jesus Cristo vivo deram e continuam dando frutos. Entre outros, destacamos:


a) Devido a animação bíblica da pastoral, aumenta o conhecimento da Palavra de Deus e do amor por ela. Graças à assimilação do Magistério da Igreja e a uma melhor formação de generosos catequistas, a renovação da Catequese tem produzido fecundos resultados em todo o Continente, chegando inclusive a países da América do Norte, Europa e Ásia, para onde muitos latino-americanos e caribenhos têm emigrado.
(DAp 99).

terça-feira, 23 de março de 2010

A Catequese no Documento de Aparecida - a pessoa do catequista

A V Conferência de Aparecida aconteceu de 13 a 31 de maio de 2007, em Aparecida, São Paulo.
Os números da V Conferência
21 Conferências Episcopais de toda a América Latina e Caribe enviaram anotações e relatórios. Também enviaram sua contribuição os Departamentos da CELAM, alguns Dicastérios romanos e outros organismos e eventos continentais
2.400 é o total de páginas recebidas com valiosa contribuição
188 é o número de páginas do Documento oficial da CELAM - Síntesis de los Aportes Recebidos para la V Conferencia General del Episcopado Latinoamericano.
266 é o total dos participantes, sendo:
162 delegados
81 convidados
8 observadores
15 peritos

SOBRE OS PAÍSES
800 Dioceses e Arquidioceses
1300 Cardeais, Arcebispos e Bispos
39.000 sacerdotes diocesanos
22.950 sacerdotes religiosos (ligados a congregações e ordens religiosas)
4.700 diáconos permanentes
40.650 religiosos (não ordenados) nas diversas Ordens e Congregações religiosas.
112.100 religiosas em todo o Continente
500.370.000 é o número de católicos
600.900.000 – população em toda a América Latina e Caribe.

Há um dinamismo apostólico subjacente a V Conferência. É uma tomada de consciência por parte da Igreja, de que a época da cristandade já passou, e a Igreja não pode se limitar a uma pastoral de manutenção do que já tem e de que, numa sociedade pluralista e secularizada, ela deve ter uma postura mais ativa na proclamação de sua mensagem.
Outra novidade, pela ênfase que recebeu, concerne ao laicato. Havia uma concordância de que a ação pastoral de leigos e leigas será decisiva para o futuro. Assim, boa parte do texto final é dedicada à identidade do discípulo de Jesus Cristo, à sua formação, à sua missão e à sua inserção na Igreja.

Perfil do discípulo de Jesus Cristo (catequista)
No processo de formação de discípulos missionários,  destacamos cinco aspectos fundamentais que aparecem de maneira diversa em cada etapa do caminho, mas que se complementam intimamente e se alimentam entre si:
a) O Encontro com Jesus Cristo: Aqueles que serão seus discípulos já o buscam (cf. Jo 1,38), mas é o Senhor quem os chama: “Segue-me” (Mc 1,14; Mt 9,9). É necessário descobrir o sentido mais profundo da busca, assim como é necessário propiciar o encontro com Cristo que dá origem à iniciação cristã. Esse encontro deve renovar-se constantemente pelo testemunho pessoal, pelo anúncio do querigma e pela ação missionária da comunidade. O querigma não é somente uma etapa, mas o fio condutor de um processo
que culmina na maturidade do discípulo de Jesus Cristo. Sem o querigma, os demais aspectos desse processo estão condenados à esterilidade, sem corações verdadeiramente convertidos ao Senhor. Só a partir do querigma acontece a possibilidade de uma iniciação cristã verdadeira. Por isso, a Igreja precisa tê-lo presente em todas as suas ações.
b) A Conversão: É a resposta inicial de quem escutou o Senhor com admiração, crê nEle pela ação do Espírito, decide ser seu amigo e ir após Ele, mudando sua forma de pensar e de viver, aceitando a cruz de Cristo, consciente de que morrer para o pecado é alcançar a vida. No Batismo e no sacramento da Reconciliação se atualiza para nós a redenção de Cristo.
c) O Discipulado: A pessoa amadurece constantemente no conhecimento, amor e seguimento de Jesus Mestre, se aprofunda no mistério de sua pessoa, de seu exemplo e de sua doutrina. Para esse passo são de fundamental importância a catequese permanente e a vida sacramental, que fortalecem a conversão inicial e permitem que os discípulos missionários possam perseverar na vida cristã e na missão em meio ao mundo que os desafia.
d) A Comunhão: Não pode existir vida cristã fora da comunidade: nas famílias, nas paróquias, nas comunidades de vida consagrada, nas comunidades de base, nas outras pequenas comunidades e movimentos. Como os primeiros cristãos, que se reuniam em comunidade, o discípulo participa na vida da Igreja e no encontro com os irmãos, vivendo o amor de Cristo na vida fraterna solidária. É também acompanhado e estimulado pela comunidade e por seus pastores para amadurecer na vida do Espírito.
e) A Missão: O discípulo, à medida que conhece e ama o seu Senhor, experimenta a necessidade de compartilhar com outros a sua alegria de ser enviado, de ir ao mundo para anunciar Jesus Cristo, morto e ressuscitado, e tornar realidade o amor e o serviço na pessoa dos mais necessitados, em uma palavra, a construir o Reino de Deus. A missão é inseparável do discipulado, o qual não deve ser entendido como etapa posterior à formação, ainda que esta seja realizada de diversas maneiras de acordo com a própria vocação e com o momento da maturidade humana e cristã em que se encontre a pessoa. ( DA 278).