Parábola da semente

"Saiu o semeador a semear..." (Mc 4,3)



sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Mensagem da Quaresma 2011

Sepultados com Ele no batismo, foi também com Ele que ressuscitastes” (cf. Cl 2, 12).
Amados irmãos e irmãs!

A Quaresma, que nos conduz à celebração da Santa Páscoa, é para a Igreja um tempo litúrgico muito precioso e importante, em vista do qual me sinto feliz por dirigir uma palavra específica para que seja vivido com o devido empenho. Enquanto olha para o encontro definitivo com o seu Esposo na Páscoa eterna, a Comunidade eclesial, assídua na oração e na caridade laboriosa, intensifica o seu caminho de purificação no espírito, para haurir com mais abundância do Mistério da redenção a vida nova em Cristo Senhor (cf. Prefácio I de Quaresma).
1. Esta mesma vida já nos foi transmitida no dia do nosso Batismo, quando, “tendo-nos tornado partícipes da morte e ressurreição de Cristo” iniciou para nós “a aventura jubilosa e exaltante do discípulo” (Homilia na Festa do Batismo do Senhor, 10 de Janeiro de 2010).
São Paulo, nas suas Cartas, insiste repetidas vezes sobre a singular comunhão com o Filho de Deus realizada neste lavacro. O fato que na maioria dos casos o Batismo se recebe quando somos crianças põe em evidência que se trata de um dom de Deus: ninguém merece a vida eterna com as próprias forças. A misericórdia de Deus, que lava do pecado e permite viver na própria existência «os mesmos sentimentos de Jesus Cristo», é comunicada gratuitamente ao homem.
O Apóstolo dos gentios, na Carta aos Filipenses, expressa o sentido da transformação que se realiza com a participação na morte e ressurreição de Cristo, indicando a meta: que assim eu possa “conhecê-lo, a Ele, à força da sua Ressurreição e à comunhão nos Seus sofrimentos, configurando-me à Sua morte, para ver se posso chegar à ressurreição dos mortos” (Fl 3, 10- 11). O Batismo, portanto, não é um rito do passado, mas o encontro com Cristo que informa toda a existência do batizado, doa-lhe a vida divina e chama-o a uma conversão sincera, iniciada e apoiada pela Graça, que o leve a alcançar a estatura adulta de Cristo.
Um vínculo particular liga o Batismo com a Quaresma como momento favorável para experimentar a Graça que salva. Os Padres do Concílio Vaticano II convidaram todos os Pastores da Igreja a utilizar «mais abundantemente os elementos batismais próprios da liturgia quaresmal» (Const. Sacrosanctum Concilium, 109). De fato, desde sempre a Igreja associa a Vigília Pascal à celebração do Batismo: neste Sacramento realiza-se aquele grande mistério pelo qual o homem morre para o pecado, é tornado partícipe da vida nova em Cristo Ressuscitado e recebe o mesmo Espírito de Deus que ressuscitou Jesus dos mortos (cf. Rm 8,).
Este dom gratuito deve ser reavivado sempre em cada um de nós e a Quaresma oferece-nos um percurso análogo ao catecumenato, que para os cristãos da Igreja antiga, assim como também para os catecúmenos de hoje, é uma escola insubstituível de fé e de vida cristã: deveras eles vivem o Batismo como um ato decisivo para toda a sua existência.
2. Para empreender seriamente o caminho rumo à Páscoa e nos prepararmos para celebrar a Ressurreição do Senhor – a festa mais jubilosa e solene de todo o Ano litúrgico – o que pode haver de mais adequado do que deixar-nos conduzir pela Palavra de Deus? Por isso a Igreja, nos textos evangélicos dos domingos de Quaresma, guia-nos para um encontro particularmente intenso com o Senhor, fazendo-nos repercorrer as etapas do caminho da iniciação cristã: para os catecúmenos, na perspectiva de receber o Sacramento do renascimento, para quem é batizado, em vista de novos e decisivos passos no seguimento de Cristo e na doação total a Ele.
O primeiro domingo do itinerário quaresmal evidencia a nossa condição dos homens nesta terra. O combate vitorioso contra as tentações, que dá início à missão de Jesus, é um convite a tomar consciência da própria fragilidade para acolher a Graça que liberta do pecado e infunde nova força em Cristo, caminho, verdade e vida (cf. Ordo Initiationis Christianae Adultorum, n. 25). É uma clara chamada a recordar como a fé cristã implica, a exemplo de Jesus e em união com Ele, uma luta «contra os dominadores deste mundo tenebroso» (Hb 6, 12), no qual o diabo é ativo e não se cansa, nem sequer hoje, de tentar o homem que deseja aproximar-se do Senhor: Cristo disso sai vitorioso, para abrir também o nosso coração à esperança e guiar-nos na vitória às seduções do mal.
O Evangelho da Transfiguração do Senhor põe diante dos nossos olhos a glória de Cristo, que antecipa a ressurreição e que anuncia a divinização do homem. A comunidade cristã toma consciência de ser conduzida, como os apóstolos Pedro, Tiago e João, «em particular, a um alto monte» (Mt 17, 1), para acolher de novo em Cristo, como filhos no Filho, o dom da Graça de Deus: «Este é o Meu Filho muito amado: n’Ele pus todo o Meu enlevo. Escutai-O» (v. 5).
É o convite a distanciar-se dos boatos da vida quotidiana para se imergir na presença de Deus: Ele quer transmitir-nos, todos os dias, uma Palavra que penetra nas profundezas do nosso espírito, onde discerne o bem e o mal (cf. Hb 4, 12) e reforça a vontade de seguir o Senhor. O pedido de Jesus à Samaritana: “Dá-Me de beber” (Jo 4, 7), que é proposto na liturgia do terceiro domingo, exprime a paixão de Deus por todos os homens e quer suscitar no nosso coração o desejo do dom da “água a jorrar para a vida eterna” (v. 14): é o dom do espírito Santo, que faz dos cristãos “verdadeiros adoradores” capazes de rezar ao Pai “em espírito e verdade” (v. 23). Só esta água pode extinguir a nossa sede do bem, da verdade e da beleza! Só esta água, que nos foi doada pelo Filho, irriga os desertos da alma inquieta e insatisfeita, “enquanto não repousar em Deus”, segundo as célebres palavras de Santo Agostinho.
O domingo do cego de nascença apresenta Cristo como luz do mundo. O Evangelho interpela cada um de nós: ”Tu crês no Filho do Homem?”. “Creio, Senhor” (Jo 9, 35.38), afirma com alegria o cego de nascença, fazendo-se voz de todos os crentes. O milagre da cura é o sinal que Cristo, juntamente com a vista, quer abrir o nosso olhar interior, para que a nossa fé se torne cada vez mais profunda e possamos reconhecer n’Ele o nosso único Salvador. Ele ilumina todas as obscuridades da vida e leva o homem a viver como “filho da luz”.
Quando, no quinto domingo, nos é proclamada a ressurreição de Lázaro, somos postos diante do último mistério da nossa existência: “Eu sou a ressurreição e a vida... Crês tu isto?” (Jo 11, 25-26). Para a comunidade cristã é o momento de depor com sinceridade, juntamente com Marta, toda a esperança em Jesus de Nazaré: “Sim, Senhor, creio que Tu és o Cristo, o Filho de Deus, que havia de vir ao mundo» (v. 27).
A comunhão com Cristo nesta vida prepara-nos para superar o limite da morte, para viver sem fim n’Ele. A fé na ressurreição dos mortos a esperança da vida eterna abrem o nosso olhar para o sentido derradeiro da nossa existência:
Deus criou o homem para a ressurreição e para a vida, e esta verdade doa a dimensão autêntica e definitiva à história dos homens, à sua existência pessoal e ao seu viver social, à cultura, à política, à economia. Privado da luz da fé todo o universo acaba por se fechar num sepulcro sem futuro, sem esperança. O percurso quaresmal encontra o seu cumprimento no Tríduo Pascal, particularmente na Grande Vigília na Noite Santa: renovando as promessas batismais, reafirmamos que Cristo é o Senhor da nossa vida, daquela vida que Deus nos comunicou quando renascemos “da água e do Espírito Santo”, e reconfirmamos o nosso firme compromisso em corresponder à ação da Graça para sermos seus discípulos.
3. O nosso imergir-nos na morte e ressurreição de Cristo através do Sacramento do Batismo, estimula-nos todos os dias a libertar o nosso coração das coisas materiais, de um vínculo egoísta com a “terra”, que nos empobrece e nos impede de estar disponíveis e abertos a Deus e ao próximo. Em Cristo, Deus revelou-se como Amor (cf 1 Jo 4, 7-10). A Cruz de Cristo, a “palavra da Cruz” manifesta o poder salvífico de Deus (cf. 1 Cor 1, 18), que se doa para elevar o homem e dar-lhe a salvação: amor na sua forma mais radical (cf. Enc. Deus cáritas est, 12). Através das práticas tradicionais do jejum, da esmola e da oração, expressões do empenho de conversão, a Quaresma educa para viver de modo cada vez mais radical o amor de Cristo. O Jejum, que pode ter diversas motivações, adquire para o cristão um significado profundamente religioso: tornando mais pobre a nossa mesa aprendemos a superar o egoísmo para viver na lógica da doação e do amor; suportando as privações de algumas coisas – e não só do supérfluo – aprendemos a desviar o olhar do nosso «eu», para descobrir Alguém ao nosso lado e reconhecer Deus nos rostos de tantos irmãos nossos. Para o cristão o jejum nada tem de intimista, mas abre em maior medida para Deus e para as necessidades dos homens, e faz com que o amor a Deus seja também amor ao próximo (cf. Mc 12, 31).
No nosso caminho encontramo-nos perante a tentação do ter, da avidez do dinheiro, que insidia a primazia de Deus na nossa vida. A cupidez da posse provoca violência, prevaricação e morte: por isso a Igreja, especialmente no tempo quaresmal, convida à prática da esmola, ou seja, à capacidade de partilha. A idolatria dos bens, ao contrário, não só afasta do outro, mas despoja o homem, torna-o infeliz, engana-o, ilude-o sem realizar aquilo que promete, porque coloca as coisas materiais no lugar de Deus, única fonte da vida.
Como compreender a bondade paterna de Deus se o coração está cheio de si e dos próprios projetos, com os quais nos iludimos de poder garantir o futuro? A tentação é a de pensar, como o rico da parábola: «Alma, tens muitos bens em depósito para muitos anos...». «Insensato! Nesta mesma noite, pedir-te-ão a tua alma...» (Lc 12, 19-20). A prática da esmola é uma chamada à primazia de Deus e à atenção para com o próximo, para redescobrir o nosso Pai bom e receber a sua misericórdia.
Em todo o período quaresmal, a Igreja oferece-nos com particular abundância a Palavra de Deus. Meditando-a e interiorizando-a para a viver quotidianamente, aprendemos uma forma preciosa e insubstituível de oração, porque a escuta atenta de Deus, que continua a falar ao nosso coração, alimenta o caminho de fé que iniciamos no dia do Batismo. A oração permite-nos também adquirir uma nova concepção do tempo: de fato, sem a perspectiva da eternidade e da transcendência ele cadencia simplesmente os nossos passos rumo a um horizonte que não tem futuro. Ao contrário, na oração encontramos tempo para Deus, para conhecer que “as suas palavras não passarão” (cf. Mc 13, 31), para entrar naquela comunhão íntima com Ele “que ninguém nos poderá tirar” (cf. Jo 16, 22) e que nos abre à esperança que não desilude, à vida eterna.
Em síntese, o itinerário quaresmal, no qual somos convidados a contemplar o Mistério da Cruz, é «fazer-se conformes com a morte de Cristo» (Fl 3, 10), para realizar uma conversão profunda da nossa vida: deixar-se transformar pela ação do Espírito Santo, como São Paulo no caminho de Damasco; orientar com decisão a nossa existência segundo a vontade de Deus; libertar-nos do nosso egoísmo, superando o instinto de domínio sobre os outros e abrindo-nos à caridade de Cristo. O período quaresmal é momento favorável para reconhecer a nossa debilidade, acolher, com uma sincera revisão de vida, a Graça renovadora do Sacramento da Penitência e caminhar com decisão para Cristo.
Queridos irmãos e irmãs, mediante o encontro pessoal com o nosso Redentor e através do jejum, da esmola e da oração, o caminho de conversão rumo à Páscoa leva-nos a redescobrir o nosso Batismo. Renovemos nesta Quaresma o acolhimento da Graça que Deus nos concedeu naquele momento, para que ilumine e guie todas as nossas ações. Tudo o que o Sacramento significa e realiza, somos chamados a vivê-lo todos os dias num seguimento de Cristo cada vez mais generoso e autêntico. Neste nosso itinerário, confiemo-nos à Virgem Maria, que gerou o Verbo de Deus na fé e na carne, para nos imergir como ela na morte e ressurreição do seu Filho Jesus e ter a vida eterna.
Vaticano, 4 de Novembro de 2010
Papa Bento XVI

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Curso: Novas linguagens na Catequese

Realizou-se, no dia 12 de fevereiro, no SEPAC, um curso para catequistas, sobre Novas Linguagens. Participaram mais de sessenta pessoas de diversas cidades e paróquias.
Irmã Patrícia Silva, fsp, assessorou o encontro oferecendo referências para uma linguagem atualizada no sentido de conteúdos e de tecnologias. Fez um pequeno treinamento de Leitura Orante, a partir do Evangelho do Dia.
Os grupos aprofundaram temas como: O Rosto de Cristo no documento de Aparecida, a exortação apostólica Verbum Domini e as Novas linguagens.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Leitura Orante: Discípulo e missionário


Saudação
- A nós, a paz de Deus, nosso Pai,
Canto:Por tudo dai graças, por tudo dai graças
Dai graças por tudo, dai graças.
(1 Ts 5,18)
- A graça e a alegria de Nosso Senhor Jesus Cristo,
no amor e na comunhão do Espírito Santo estejam conosco.
- Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo!
Preparamo-nos para a Leitura Orante pensando, como São Paulo, discípulo e missionário de Jesus,
 nas muitas pessoas que, no mundo inteiro
 - Europa, Brasil, Américas, África, Índia, Japão, e de tantos outros lugares,
nos reunimos na rede da internet para rezar, juntos, a Palavra.
Pedimos luzes ao Espírito Santo:
Espírito de verdade,
a ti consagramos a mente, os pensamentos: ilumina-nos.
Que conheçamos Jesus Mestre
 compreendamos e vivamos o seu Evangelho.
1. Leitura (Verdade)
O que diz o texto do dia?
Acolhemos a Palavra, cantando o refrão :
"A Palavra está perto de ti, em tua boca, em teu coração"(Rm 10,8)
Lemos atentamente, na Bíblia,  o texto: Mc 16,15-18, e observamos as palavras de Jesus.
Então ele disse:
- Vão pelo mundo inteiro e anunciem o evangelho a todas as pessoas. Quem crer e for batizado será salvo, mas quem não crer será condenado. Aos que crerem será dado o poder de fazer estes milagres: expulsar demônios pelo poder do meu nome e falar novas línguas; se pegarem em cobras ou beberem algum veneno, não sofrerão nenhum mal; e, quando puserem as mãos sobre os doentes, estes ficarão curados.
Este texto nos faz pensar que todo cristão, todo batizado, é chamado a um encontro com Jesus, a uma grande fé, à conversão, ao discipulado, à comunhão e à missão. Jesus diz que quem crer terá o poder de "fazer milagres". Jesus envia os discípulos a uma missão universal. Para que? Não vão ensinar, pregar para serem mestres, mas para fazerem discípulos de Jesus. Receberão o poder de libertar as pessoas do mal, de restaurar a dignidade,  mas "poder do meu nome", diz Jesus.


2. Meditação (Caminho)
O que o texto diz para mim, hoje?
O texto me diz que também eu sou uma pessoa cristã, convocada para ser discípulo/a e missionário/a de Jesus.
A e o encontro com Jesus Cristo, são o fio condutor de um processo que culmina na minha maturidade como discípulo/a e deve renovar-se constantemente pelo meu testemunho pessoal, e pela missão: “Vão pelo mundo inteiro”.
• A conversão é a minha resposta inicial no seguimento de Jesus Cristo;
• O discipulado, como amadurecimento no conhecimento, na fé e no seguimento de Jesus Mestre.
• A comunhão, pois não pode haver vida cristã fora da comunidade: na minha família, na paróquia, no meu grupo.
• A missão, que nasce do desejo de partilhar minha experiência de Deus com os outros.

Conta-se que cinco sapinhos estavam à beira da lagoa. Três decidiram saltar na água. Pergunta-se: quantos ficaram de fora? Alguém, pela lógica imediata, diz: "Ficaram dois". Outra pessoa, um pouco mais reflexiva, disse que "nenhum ficou", pois os dois se assustaram e desapareceram.  Na verdade, ficaram todos do lado de fora, pois três apenas decidiram. Não concretizaram a decisão, não se comprometeram realmente.
. Não basta o desejo de partilhar. É preciso partilhar. Comprometer-se!

3.Oração (Vida)
O que o texto me leva a dizer a Deus?
Faço orações espontâneas e depois rezo:
Ó glorioso São Paulo,
que de perseguidor dos cristãos vos tornastes grande apóstolo,
 e que para anunciar o Cristo Salvador ao mundo inteiro,
 sofrestes prisões, flagelações, apedrejamentos,
naufrágios e perseguições de toda espécie, e,
por fim, derramastes o vosso sangue,
alcançai-nos a graça de aceitar as doenças,
sofrimentos e adversidades desta vida.
Que nada nos desanime no serviço de Deus,
mas sirva para crescermos na fé,
na esperança e no amor. Amém. 

4.Contemplação (Vida e Missão)
Qual meu novo olhar a partir da Palavra? Meu novo olhar será iluminado pelo coração que se compromete com a missão de evangelizar a todos.
Com os bispos da América Latina e Caribe, sinto que posso procurar:
“a) Conhecer e valorizar esta nova cultura da comunicação.
b) Promover a formação profissional na cultura da comunicação de todos os agentes e cristãos.
c) Formar comunicadores profissionais competentes e comprometidos com os valores humanos e cristãos na transformação evangélica da sociedade, com particular atenção aos proprietários, diretores, programadores e locutores.
d) Apoiar e otimizar, por parte da Igreja, a criação de meios de comunicação social próprios, tanto nos setores televisivos e de rádio, como nos sites de Internet e nos meios impressos;
e) Estar presente nos meios de comunicação de massa: imprensa, rádio e TV, cinema digital, sites de Internet, fóruns e tantos outros sistemas para introduzir neles o mistério de Cristo.
f) Educar na formação crítica quanto ao uso dos meios de comunicação a partir da primeira idade;
g) Animar as iniciativas existentes ou a serem criadas neste campo, com espírito de comunhão.
h) Acompanhar leis protejam as crianças, jovens e as pessoas mais vulneráveis para que a comunicação não transgrida os valores e, ao contrário, criem critérios válidos de discernimento.
i) Ajudar tanto as pastorais de comunicação como os meios de comunicação de inspiração católica a encontrar seu lugar na missão evangelizadora da Igreja. “
(DAp 486).

Refrão: Pela graça de Deus sou o que sou,
Sou o que sou pela graça de Deus (1Cor 15,10)
Bênção
 - Deus nos abençoe e nos guarde.
- Amém.
- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós.
- Amém.
-Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz.
- Amém.
- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai e Filho e Espírito Santo.
- Amém.
Refrão: Eu sei, eu sei, eu sei em quem acreditei
Eu sei, eu sei em quem acreditei. (2Tm 1,12)

Obs.: Se você quiser receber em seu endereço eletrônico o Evangelho do Dia com a Leitura Orante, acesse o seguinte endereço e preencha o formulário de cadastro.
http://www.paulinas.org.br/loja/CentralUsuarioLogin.Aspx

Dinâmica: O Corpo

Objetivo: despertar a conscientização a respeito de nossa missão como Igreja e na vida em comunidade.

Material: o desenho de um corpo humano, feito em papel ou papelão, cortado em partes: pernas, pés, tronco, braços, mãos (se necessário, cortar os membros em vários pedaços, conforme o número de participantes da dinâmica).

Desenvolvimento:
Primeiro passo: a montagem
• Distribuir as partes do corpo entre os presentes.
• Proclamar com calma o texto de 1 Cor 12,12-27.
• Pedir às pessoas que, espontaneamente, montem o corpo humano, mas sem a cabeça.

Segundo passo: a partilha
.  Pedir a todos que falem:
• Que importância tem cada órgão em mim e na Igreja?
• O que isto tem a ver com a nossa comunidade, o grupo, a Igreja?
• Como e onde nós precisamos um do outro?

Terceiro passo: a reflexão
Pedir que reflitam:
• O que falta no corpo apresentado? Onde está o rosto?
• Que rosto tem a nossa Igreja e nossa comunidade?
• Que rosto tema nossa juventude, as nossas crianças, nossas famílias e os idosos?
• Conhecemos o rosto do Cristo Ressuscitado?
• Onde esta o rosto de Jesus, que nos chama para construir urna vida mais bonita, digna e justa?

Fonte: Formação bíblica para Catequistas com dinâmicas e celebrações, Pe. Leomar Brustolin, Paulinas.

A COMUNICAÇÃO SOCIAL A SERVIÇO DA CATEQUESE

Verdade, anúncio e autenticidade de vida, na era digital
5 de Junho de 2011 - 45o. Dia Mundial das Comunicações (Ver em http://bit.ly/ee40VN )

Do Diretório Nacional de Catequese (Documentos CNBB 84)

168. O mundo das comunicações está unificando a humanidade. A globalização, além de econômica, é também fruto da aproximação de acontecimentos e pessoas distantes, devido ao desenvolvimento da comunicação. Surge uma variedade, cada vez maior, de linguagens e símbolos, métodos dinâmicos para a comunicação de todo tipo de mensagem. Nestes últimos tempos, a comunicação social desenvolveu-se com poderosos recursos tecnológicos. A evangelização não pode prescindir, hoje, dos meios de comunicação e da cultura que deles está nascendo. A cultura da mídia, com efeito, mostra a existência de linguagens diferentes da linguagem lógico-científica. Impulsiona outras relações entre memória e imediatez, característica típica de nosso tempo, e é um lugar de debate ético que procede mais por dilemas do que por definições rígidas. A cultura midiática está produzindo fenômenos importantes na vida dos interlocutores da catequese. A mídia, para muitos, torna-se o principal instrumento de informação e de formação, guia e inspiração dos comportamentos individuais. Diante disso, há novas exigências para a catequese.


169. A igreja reconhece que os meios de comunicação social podem ser fatores de comunhão e contribuem para a integração entre as pessoas (cf. AS 137-140). Entretanto, muitas vezes, são veículos de propaganda do materialismo e do consumismo reinantes, gerando falsas expectativas e o desejo competitivo.
O bom uso dos meios de comunicação social requer dos agentes de catequese um sério esforço de conhecimento, competência e de atualização qualificada.
É bom lembrar que “não é suficiente usá-¬los para difundir a mensagem cristã e o Magistério da igreja, mas é necessário integrar a mensagem nessa nova cultura, criada pelas modernas comunicações, com novas linguagens, novas técnicas, novas atitudes psicológicas” (cf. RMi 37; cf. DGC 161).

170. A catequese tem a missão também de se preocupar com os operadores e os usuários da comunicação.
Comunicadores e receptores, abertos aos valores cristãos, serão capazes de colocar a comunicação a serviço do bem comum e de exercer uma função crítica em relação ao que é comunicado e ao que acontece na sociedade. É essencial habilitar os catequistas para a comunicação da mensagem do
Evangelho, através da mídia, principalmente os mais jovens e nascidos nessa cultura midiática, cuja linguagem mais facilmente entendem. recorde-se que “no uso e na recepção dos instrumentos de comunicação, torna-se urgente tanto uma ação educativa em vista do senso crítico, animada pela paixão à verdade, quanto uma ação de defesa da liberdade, do respeito pela dignidade pessoal, da elevação da autêntica cultura dos povos” (ChL 44).

171. Com relação à comunicação e catequese, aqui se recordam três orientações:
a) capacitar, nos diversos níveis, os catequistas como comunicadores: sejam pessoas conhecedoras dos processos da comunicação humana e estejam habilitados a integrar recursos como músicas, vídeos, teatro e outras linguagens para expressar a fé;
b) aproximar a catequese dos meios massivos de comunicação, para o desenvolvimento de projetos de catequese a distância, com o adequado uso de recursos e metodologias apropriadas;
c) incluir, nos programas de catequese, a análise das mensagens produzidas pelos grandes meios, promovendo a leitura desses dados à luz da mensagem evangélica.

BLOGS SOBRE CATEQUESE
  1. Catequese infantil: http://pequenogigante.blogspot.com/
  2. http://blog.cancaonova.com/cantinho/
  3. http://www.catequesecaminhando.blogspot.com/
  4. http://catequesemacao.blogspot.com/
  5. http://catequizareeducar-analu.blogspot.com/
  6. http://www.marcelagregorio24.blogspot.com/
  7. Para catequistas: http://mafaoli.blogs.sapo.pt/
  8. http://sementinhakids.wordpress.com/recursos-2/desenhos-biblicos-4/
  9. http://blog.cancaonova.com/cantinho/2009/03/27/desenhos-da-semana-santa-para-colorir/
  10. http://www.universovozes.com.br/editoravozes/web/view/BlogDaCatequese.aspx?catPostID=12
  11. http://comunicacatequese.blogspot.com/

SITES SOBRE CATEQUESE
1. Sala de Catequese -  
  1. http://www.catequisar.com.br/

SITES SOBRE LITURGIA
http://leituraorantedapalavra.blogspot.com (Evangelho de todos os dias)

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Texto para reflexão: Buscar novas linguagens

Em grupos, discutir o texto "Buscar novas linguagens" , da revista Família Cristã, do mês de agosto 2010, de autoria de Maria Eugenia LLoris. fmvd., assessora do Setor Universidades da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil).

A Igreja e suas pastorais precisam utilizar melhor as novas linguagens dos meios de comunicação, sobretudo a internet, para dar maior alcance à sua mensagem.

Nossa dificuldade maior é que passamos despercebidos. Frente à grande quantidade de ofertas na sociedade, nossas propostas eclesiásticas ficam em segundo plano. E sentimos de alguma maneira que "nossa pastoral" não tem nem a força, nem a visibilidade, nem a articulação de anos atrás ... O que está acontecendo?

Levando em consideração as profundas transformações da sociedade e os avanços tecnológicos em todos os setores, experimentamos o próprio "despreparo" do momento presente. Não basta a profissionalização e a competência técnica, mas também a compreensão da evolução que a sociedade, o mundo e as nossas pastorais estão sofrendo. "Vocês não podem compreender, porque é o Espírito quem nos levará até a verdade plena" - lembra-nos o Evangelho.

Não compreendemos porque nossa verdade é parcial, fragmentada, setorizada. Assim como nosso conhecimento é parcial, também a nossa Igreja está fragmentada e setorizada em pastorais que invadem os nossos regionais de atividades, ofertas e informações. E como os que navegam pela internet, perguntamos:

Para qual pastoral clicamos? A qual dar prioridade? E todas essas ofertas aonde nos conduzem? Como viver uma Igreja de comunhão nesta multiplicidade de ofertas? .

A cultura da tecnologia e da comunicação atual é muito mais do que "usar" os meios de comunicação ou mandar algum e-mail aos nossos coordenadores. Essa cultura perpassa toda a nossa vida, e também nossa Igreja. A Igreja esforçou-se para compreender as novas mídias e progrediu na exigência de expressar-se com maior clareza. E esse esforço continua, mas, talvez, ainda não reflitamos nem compreendamos uma realidade do século 21: a cultura midiática é a cultura atual, sendo a comunicação o elemento articulador das mudanças em curso na sociedade. Se a comunicação é esse elemento essencial, que uso e reflexão fazemos nas nossas pastorais?

Consumidores da tela - Há ofertas na internet de retiros on-line, acompanhamento espiritual e até novenas nas quais você pode acender uma vela por uma semana. Tais ofertas para alguns segmentos da nossa Igreja causam estranheza e dúvida. Será esse o caminho da "nova evangelização"? É esse o uso que necessitamos dar aos meios de comunicação?

O papa Bento XVI afirmou que "não é suficiente usá-los (os meios) para difundir a mensagem cristã e o Magistério da Igreja, mas é necessário integrar a mensagem nessa 'nova cultura', criada pelas novas
as linguagens comunicações". A pergunta é: Integramos nossa mensagem nessas novas culturas, nessa nova linguagem?

A comunicação se apresenta como elemento articulador da sociedade e nós continuamos querendo fazer encontros presenciais, articular os regionais. O campo da comunicação se apresenta desarticulado, conflituoso e, por vezes, confuso em relação à velocidade e à complexidade com que se misturam mercado, tecnologia e necessidade do ser humano se relacionar, e isso é o que todos nós sentimos nas nossas pastorais.

Nosso trabalho é uma "janela", mas que se abre e disponibiliza notícias, avisos, informações ... O desafio é como fazer para que nosso site seja visitado e crie interesse. Talvez seja necessário compreender que as fronteiras se quebraram e é o internauta quem decide a fonte da qual bebe a sua intelectualidade e ética. Mas também é verdade que se criou um novo modo de se relacionar. A tecnologia, a internet, os e-mails, o orkut formam parte da cotidianidade das pessoas. Estudos afirmam que os jovens passam até oito horas no messenger, isso sem contar o uso no horário de trabalho. Nossa vida transcorre na frente de uma tela que forma nosso pensar e cria uma rede de comunicações.

Os consumidores da tela são incentivados a procurar informações e a fazer conexões em meio a conteúdos midiáticos dispersos. Trata-se de uma "cultura participativa", na qual os internautas interagem de acordo com um conjunto de regras que nenhum de nós entende por completo. E o que nós propomos está em direção contrária a essa cultura vigente, como encontros nos quais os assuntos são definidos e as formas de participação são presenciais, com palestras ou reflexões prontas.

Tema de interesse - Atualmente o jovem quer elaborar o seu próprio pensamento, investigar. Por que não chamar jovens consumidores de internet, técnicos e pastoralistas e elaborar um novo projeto para a nossa pastoral? Por que não criar espaços novos e não definidos de diálogo, nos quais as ideias possam fermentar no "escuro" do não determinado, do não conhecido, do tempo novo do amanhecer que ainda está por vir? É tempo de fermentar nossa pastoral nas adegas do pensamento e da realidade confusa atual, e não mostrar apressadamente O que ainda não é nem foi elaborado. Estamos em processo ...

O mundo está num dique, pelo que se encontram informações e também excessos. Algo importante nesse processo é a transformação comunicacional: "Nas múltiplas formas de conhecer, ser e estar - portanto, nos usos das novas tecnologias -, a mente, a afetividade e a percepção são agora estimuladas não apenas pela razão ou imaginação, mas também pelas sensações, imagens em movimento, sonoridades, efeitos especiais ( ... ), encenação de outras lógicas possíveis de construir realidades e se construírem sujeitos" -do livro Culturas juvenis no século XXI, organizado por Silvia Borelli e João Freire Filho, Editora Educ.

Nossos encontros, nossa maneira de apresentar, não atingiu a velocidade nem os outros âmbitos da imaginação, a sensação e a afetividade. Assistindo ao filme Anjos e demônios, fiquei impressionada com a sala cheia de jovens. E o que chamou a minha atenção foi a linguagem cinematográfica: filme rápido, de intriga, com simbologia e violência. E o assunto central era a religião, que é tema de interesse. Somos tema de interesse com linguagem e formas passadas!

Conclusões dos grupos.

O rosto do Cristo


Delineamos os traços do Cristo, do qual formamos o Corpo, a partir das propostas da Conferência de Aparecida (13-31 de maio de 2007).

Assim também nos ocorre olhar a realidade de nossos povos e de nossa Igreja, com seus valores, suas limitações, suas angústias e esperanças. Enquanto sofremos e nos alegramos, permanecemos no amor de Cristo, vendo nosso mundo e procurando discernir seus caminhos com a alegre esperança e a indizível gratidão de crer em Jesus Cristo. Ele é o Filho de Deus verdadeiro, o único Salvador da humanidade. A importância única e insubstituível de Cristo para nós, para a humanidade, consiste em que Cristo é o caminho, a Verdade e a Vida. “Se não conhecemos a Deus em Cristo e com Cristo, toda a realidade se torna um enigma indecifrável; não há caminho e, ao não haver caminho, não há vida nem verdade”. No clima cultural relativista que nos circunda, onde é aceita só uma religião natural, faz-se sempre mais importante e urgente estabelecer e fazer amadurecer em todo o corpo eclesial a certeza de que Cristo, o Deus de rosto humano, é nosso verdadeiro e único salvador. (DAp 22)

No rosto de Jesus Cristo, morto e ressuscitado, maltratado por nossos pecados e glorificado pelo Pai, nesse rosto doente e glorioso, com o olhar da fé podemos ver o rosto humilhado de tantos homens e mulheres de nossos povos e, ao mesmo tempo, sua vocação à liberdade dos filhos de Deus, à plena realização de sua dignidade pessoal e à fraternidade entre todos. A Igreja está a serviço de todos os seres humanos, filhos e filhas de Deus. (DAp 31)

Desejamos que a alegria que recebemos no encontro com Jesus Cristo, a quem reconhecemos como o Filho de Deus encarnado e redentor, chegue a todos os homens e mulheres feridos pelas adversidades; desejamos que a alegria da boa nova do Reino de Deus, de Jesus Cristo vencedor do pecado e da morte, chegue a todos quantos jazem à beira do caminho, pedindo esmola e compaixão (cf. Lc 10,29-37; 18,25-43). A alegria do discípulo é antídoto frente a um mundo atemorizado pelo futuro e agoniado pela violência e pelo ódio. A alegria do discípulo não é um sentimento de bem-estar egoísta, mas uma certeza que brota da fé, que serena o coração e capacita para anunciar a boa nova do amor de Deus. Conhecer a Jesus é o melhor presente que qualquer pessoa pode receber; tê-lo encontrado foi o melhor que ocorreu em nossas vidas, e fazê-lo conhecido com nossa palavra e obras é nossa alegria. (DAP 32).

Isto (a globalização)deveria nos levar a contemplar os rostos daqueles que sofrem. Entre eles estão as comunidades indígenas e afro-americanas que, em muitas ocasiões, não são tratadas com dignidade e igualdade de condições; muitas mulheres são excluídas, em razão de seu sexo, raça ou situação sócio-econômica; jovens que recebem uma educação de baixa qualidade e não têm oportunidades de progredir em seus estudos nem de entrar no mercado de trabalho para se desenvolver e constituir uma família; muitos pobres, desempregados, migrantes, deslocados, agricultores sem terra, aqueles que procuram sobreviver na economia informal; meninos e meninas submetidos à prostituição infantil ligada muitas vezes ao turismo sexual; também as crianças vítimas do aborto. Milhões de pessoas e famílias vivem na miséria e inclusive passam fome. Preocupam-nos também os dependentes das drogas, as pessoas com limitações físicas, os portadores e vítimas de enfermidades graves como a malária, a tuberculose e HIV – AIDS, que sofrem a solidão e se vêem excluídos da convivência familiar e social. Não nos esqueçamos também dos seqüestrados e aqueles que são vítimas da violência, do terrorismo, de conflitos armados e da insegurança na cidade. Também os anciãos que, além de se sentirem excluídos do sistema produtivo, vêem-se muitas vezes recusados por sua família como pessoas incômodas e inúteis. Sentimos as dores, enfim, da situação desumana em que vive a grande maioria dos presos, que também necessitam de nossa presença solidária e de nossa ajuda fraterna. Uma globalização sem solidariedade afeta negativamente os setores mais pobres. Já não se trata simplesmente do fenômeno da exploração e opressão, mas de algo novo: da exclusão social. Com ela o pertencimento à sociedade na qual se vive fica afetado, pois já não se está abaixo, na periferia ou sem poder, mas se está de fora. Os excluídos não são somente “explorados”, mas “supérfluos” e “descartáveis”. (DAp 65).

Bendizemos ao Pai pelo dom de seu Filho Jesus Cristo “rosto humano de Deus e rosto divino do homem”. “Na realidade, tão só o mistério do Verbo encarnado explica verdadeiramente o mistério do homem. Cristo, na própria revelação do mistério do Pai e de seu amor, manifesta plenamente o homem ao próprio homem e descobre sua altíssima vocação”. (DAp 107).

Os bispos, como pastores e guias espirituais das comunidades a nós encomendadas, são chamados a “fazer da Igreja uma casa e escola de comunhão”. Como animadores da comunhão, temos a missão de acolher, discernir e animar carismas, ministérios e serviços na Igreja. Como padres e centro da unidade, esforçamo-nos por apresentar ao mundo o rosto de uma Igreja na qual todos se sintam acolhidos como em sua própria casa. Para todo o Povo de Deus, em especial para os presbíteros, procuramos ser padres, amigos e irmãos sempre abertos ao diálogo, especialmente para os presbíteros. (DAp 188)

Os povos latino-americanos e caribenhos esperam muito da vida consagrada, especialmente do testemunho e contribuição das religiosas contemplativas e de vida apostólica que, junto aos demais irmãos religiosos, membros de Institutos Seculares e Sociedades de Vida Apostólica, mostram o rosto materno da Igreja. Seu desejo de escuta, acolhida e serviço, e seu testemunho dos valores alternativos do Reino, mostram que uma nova sociedade latino-americana e caribenha, fundada em Cristo, é possível. (DAp 224).

Também o encontramos de um modo especial nos pobres, aflitos e enfermos (cf. Mt 25,37-40), que exigem nosso compromisso e nos dão testemunho de fé, paciência no sofrimento e constante luta para continuar vivendo. Quantas vezes os pobres e os que sofrem realmente nos evangelizam! No reconhecimento desta presença e proximidade e na defesa dos direitos dos excluídos encontra-se a fidelidade da Igreja a Jesus Cristo147. O encontro com Jesus Cristo através dos pobres é uma dimensão constitutiva de nossa fé em Jesus Cristo. Da contemplação do rosto sofredor de Cristo neles e do encontro com Ele nos aflitos e marginalizados, cuja imensa dignidade Ele mesmo nos revela, surge nossa opção por eles. A mesma união a Jesus Cristo é a que nos faz amigos dos pobres e solidários com seu destino. (DAp 257).

Nossos povos se identificam particularmente com o Cristo sofredor, olham-no, beijam-no ou tocam seus pés machucados, como se dissessem: Este é “o que me amou e se entregou por mim” (Gl 2,20). Muitos deles golpeados, ignorados despojados, não abaixam os braços. Com sua religiosidade característica se agarram no imenso amor que Deus tem por eles e que lhes recorda permanentemente sua própria dignidade. Também encontram a ternura e o amor de Deus no rosto de Maria. Nela vem refletida a mensagem essencial do Evangelho. Nossa Mãe querida, desde o santuário de Guadalupe, faz sentir a seus filhos menores que eles estão na dobra de seu manto. Agora, desde Aparecida, convida-os a lançar as redes ao mundo, para tirar do anonimato aqueles que estão submersos no esquecimento e aproximá-los da luz da fé. Ela, reunindo os filhos, integra nossos povos ao redor de Jesus Cristo. (DAp 265).

Nossa fé proclama que “Jesus Cristo é o rosto humano de Deus e o rosto divino do homem”(Exortação Apostólica Ecclesia in América, 67). Por isso, “a opção preferencial pelos pobres está implícita na fé cristológica naquele Deus que se fez pobre por nós, para nos enriquecer com sua pobreza”(Bento XVI na Abertura da Conferência de Aparecida, 3). Esta opção nasce de nossa fé em Jesus Cristo, o Deus feito homem, que se fez nosso irmão (cf. Hb 2,11-12). Opção, no entanto, não é exclusiva, nem excludente.(DAp 392).

Se esta opção está implícita na fé cristológica, os cristãos, como discípulos e missionários, são chamados a contemplar nos rostos sofredores de nossos irmãos, o rosto de Cristo que nos chama a servi-lo neles: “Os rostos sofredores dos pobres são rostos sofredores de Cristo”. Eles desafiam o núcleo do trabalho da Igreja, da pastoral e de nossas atitudes cristãs. Tudo o que tenha relação com Cristo, tem relação com os pobres e tudo o que está relacionado com os pobres reivindica a Jesus Cristo: “Quando fizeram a um deste meus irmãos menores, fizeram a mim” (Mt 25,40). João Paulo II destacou que este texto bíblico “ilumina o mistério de Cristo”221. Porque em Cristo, o maior se fez menor, o forte se fez fraco, o rico se fez pobre. (DAp 393.)

A globalização faz emergir em nossos povos, novos rostos pobres. Com especial atenção e em continuidade com a Conferências Gerais anteriores, fixamos nosso olhar nos rostos dos novos excluídos: os migrantes, as vítimas da violência, os deslocados e refugiados, as vítimas do tráfico de pessoas e seqüestros, os desaparecidos, os enfermos de HIV e de enfermidades endêmicas, os toxico-dependentes, idosos, meninos e meninas que são vítimas da prostituição, pornografia e violência ou do trabalho infantil, mulheres maltratadas, vítimas da violência, da exclusão e do tráfico para a exploração sexual, pessoas com capacidades diferentes, grandes grupos de desempregados (as), os excluídos pelo analfabetismo tecnológico, as pessoas que vivem na rua das grandes cidades, os indígenas e afro-americanos, agricultores sem terra e os mineiros. A Igreja, com sua Pastoral Social, deve dar acolhida e acompanhar esta pessoas excluídas nas esferas a que correspondam. (DAp 402).


Verbum Domini

Exortação Apostólica pós-sinodal do papa Bento XVI aos bispos, ao clero, às pessoas consagradas e aos fiéis leigos sobre a Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja, publicada no dia 30 de Setembro – memória de São Jerônimo – de 2010, sexto ano de Pontificado.

A Verbum Domini consiste em uma introdução (nn. 1-5), três seções principais (nn. 6-120), e uma breve conclusão (nn. 121-124).
A primeira parte, Verbum Dei, ou "O Deus que fala" (nn. 6-49), investiga uma série de princípios e conceitos teológicos inter-relacionados, começando com a observação de que "a novidade da revelação bíblica consiste no fato de Deus Se dar a conhecer no diálogo, que deseja ter conosco" (n. 6). Os tópicos abordados incluem a natureza de Deus, a dimensão cósmica da sua palavra, a cristologia da palavra, Tradição, Escritura, a resposta do homem à Palavra de Deus, fé e razão, a Escritura como a alma da sagrada teologia, o estado dos estudos bíblicos e da interpretação, a unidade da Escritura, as falsas interpretações da Escritura, a Bíblia e o ecumenismo, e os santos e a interpretação da Escritura. Essa primeira seção sozinha é um documento importante por direito próprio.
A segunda parte é Verbum in Ecclesia, ou "A Palavra de Deus e a Igreja" (nn. 50-89). Seu foco principal é "a relação entre Cristo, Palavra do Pai, e a Igreja", que é "uma relação vital na qual cada fiel, pessoalmente, é chamado a entrar" (n. 51). Aqui, os ensinamentos teológicos da primeira seção são aplicados à vida e ao culto da Igreja. Temas importantes discutidos são a presença de Cristo na Igreja, a Palavra de Deus na liturgia, a Palavra de Deus e a Eucaristia, o lecionário, o ministério dos leitores nas celebrações litúrgicas, a importância das homilias, os sacramentos da reconciliação e da unção dos enfermos, a liturgia das horas, a importância do silêncio, a música litúrgica, a catequese, as vocações, o papel dos leigos, o casamento e a vida familiar, a lectio divina e a oração mariana.
A seção final é intitulada Verbum Mundo, ou "A Missão da Igreja" (nn. 90-120). Considerando que a segunda seção discutiu a Palavra de Deus na Igreja, esta seção se concentra no trabalho missionário da Igreja e sua proclamação da Palavra de Deus no mundo. "O Sínodo dos Bispos", escreve Bento XVI, "reafirmou com veemência a necessidade de revigorar na Igreja a consciência missionária, presente no Povo de Deus desde a sua origem" (n. 92). Os tópicos incluem a responsabilidade do batizado de proclamar a Palavra de Deus, a necessidade do alcance missionário, a nova evangelização, a natureza do testemunho cristão, o serviço cristão, o compromisso com a justiça, a reconciliação e a paz entre os povos, a caridade prática, os migrantes, os doentes, os pobres, a defesa da criação, o valor da cultura, da educação, da arte, da comunicação social, a inculturação, a tradução da Bíblia, o diálogo inter-religioso e a liberdade religiosa.
Marcos introdutórios e conclusivos
Embora a Introdução e a Conclusão da Verbum Domini sejam relativamente curtas, elas destacam algumas palavras e ideias essenciais que perpassam a sucessão apostólica e preparam o terreno, por assim dizer, para as três seções principais.
Uma dessas palavras é "encontro".
No parágrafo de abertura, Bento XVI escreve que o Sínodo de 2008 "foi uma experiência profunda de encontro com Cristo, Verbo do Pai, que está presente onde dois ou três se encontram reunidos em seu nome (cf. Mt 18, 20)".
E, no parágrafo seguinte: "Não existe prioridade maior do que esta: reabrir ao homem atual o acesso a Deus, a Deus que fala e nos comunica o seu amor para que tenhamos vida em abundância (cf. Jo 10, 10)".
No último parágrafo, ele escreve: "Que cada um dos nossos dias seja plasmado pelo encontro renovado com Cristo, Verbo do Pai feito carne: Ele está no início e no fim de tudo, e n’Ele todas as coisas subsistem (cf. Cl 1, 17)".
Um ponto consistente de destaque em toda a Verbum Domini é que o cristianismo é antes e acima de tudo um encontro transformador com Jesus Cristo, e que a leitura e a meditação da Palavra de Deus é uma forma essencial pela qual esse encontro acontece.
Em segundo lugar, o Prólogo ao Evangelho de João é um guia e um marco para todo o documento. A fim de que "a Bíblia não permaneça uma Palavra do passado, mas uma Palavra viva e atual", escreve Bento XVI, "pretendo apresentar e aprofundar os resultados do Sínodo, tomando por referência constante o Prólogo do Evangelho de João (Jo 1, 1-18), que nos dá a conhecer o fundamento da nossa vida: o Verbo, que desde o princípio está junto de Deus, fez-se carne e veio habitar entre nós (cf. Jo 1, 14). Trata-se de um texto admirável, que dá uma síntese de toda a fé cristã" (n. 5).
Cada uma das três seções principais é introduzida com citações do capítulo de abertura do Quarto Evangelho: Jo 1, 1.14; 1, 18; e 1, 12. Estas, por sua vez, apontam para a íntima relação entre a Sagrada Escritura, a palavra escrita de Deus e Jesus Cristo, a Palavra de Deus.
A Conclusão, então, leva esse círculo à conexão completa, afirmando: "O Prólogo do Evangelho de João nos leva a contemplar que todo o ser está sob o signo da Palavra. O Verbo sai do Pai e vem habitar entre os seus e regressa ao seio do Pai para levar consigo toda a criação que n’Ele e para Ele fora criada" (n. 121).
Em uma nota estreitamente relacionada, a Introdução abre com uma citação de 1 Pedro: "A palavra do Senhor permanece eternamente. E esta é a palavra do Evangelho que vos foi anunciada". A palavra de Deus nos foi anunciada, nos foi dada, é o dom de Deus ao homem. O verbo "proclamar" [anunciar] aparece várias vezes, destacando a iniciativa de Deus de se aproximar e se comunicar com a humanidade. Então, em conclusão, Bento XVI acentua a necessidade do homem de ouvir a palavra de Deus e de responder ao seu dom: "Por isso, o nosso deve ser cada vez mais o tempo de uma nova escuta da Palavra de Deus e de uma nova evangelização. (...) À imitação do grande Apóstolo das Nações, que ficou transformado depois de ter ouvido a voz do Senhor (cf. At 9, 1-30), escutemos também nós a Palavra divina que não cessa de nos interpelar pessoalmente aqui e agora" (n. 122).
Isso é retomado de forma muito bonita nas palavras finais da Verbum Domini, citando as palavras finais da Bíblia: "O Espírito e a Esposa dizem: 'Vem'! E, aquele que ouve, diga: 'Vem'! (…) O que dá testemunho destas coisas diz. 'Sim, Eu venho em breve'! Amém. Vem, Senhor Jesus!» (Ap 22, 17.20)".

Doze temas-chave na Verbum Domini
Uma exortação apostólica como a Verbum Domini não pode (e não deve) ser convenientemente resumida. Mas as observações que seguem irão ajudar os leitores – esperamos – a ver e a apreciar alguns – não todos, certamente – temas e pontos fundamentais de destaque dentro do documento.
Chamados a participar da vida divina
É surpreendente que os parágrafos de abertura de cada seção principal contém uma referência ao convite de Deus ao homem para participar da vida divina. No coração dessa vida divina, observa Bento XVI, "há a comunhão, há o dom absoluto. (…) Deus se dá a conhecer como mistério de amor infinito, no qual, desde toda a eternidade, o Pai exprime a sua Palavra no Espírito Santo. Por isso o Verbo, que desde o princípio está junto de Deus e é Deus, revela-nos o próprio Deus no diálogo de amor entre as Pessoas divinas e convida-nos a participar nele" (n. 6; cf n. 9.).
Essa verdade é apresentada ainda mais fortemente no início da segunda parte: "Aqueles que creem, ou seja, aqueles que vivem a obediência da fé 'nasceram de Deus' (Jo 1, 13), são feitos participantes da vida divina: filhos no Filho (cf. Gl 4, 5-6; Rm 8, 14-17)" (n. 50). E na terceira seção: "O Verbo de Deus comunicou-nos a vida divina que transfigura a face da terra, fazendo novas todas as coisas (cf. Ap 21, 5)" (n. 91).
Diálogo divino
Deus iniciou um diálogo com o homem por causa do seu amor por ele. Como já vimos, é por isso que o Deus Trino é um Deus de "diálogo". Isto é, o Pai, o Filho e o Espírito Santo estão constantemente falando um com os outros em um amor perfeito e abnegado. "Nesta perspectiva, todo o homem aparece como o destinatário da Palavra, interpelado e chamado a entrar, por uma resposta livre, em tal diálogo de amor. Assim Deus torna cada um de nós capaz de escutar e responder à Palavra divina. O homem é criado na Palavra e vive nela; e não se pode compreender a si mesmo, se não se abre a este diálogo" (n. 22).
Encarnação e Cristologia
No centro desse diálogo divino está "o coração do mundo" (n. 83), o Verbo Encarnado, Jesus Cristo. "A Palavra divina exprime-se ao longo de toda a história da salvação e tem a sua plenitude no mistério da encarnação, morte e ressurreição do Filho de Deus" (n. 7). A fé cristã "não é uma 'religião do Livro': o cristianismo é a 'religião da Palavra de Deus', não de 'uma palavra escrita e muda, mas do Verbo encarnado e vivo'" (par. 7).
Bento XVI escreve sobre uma "Cristologia da Palavra" e reflete longamente sobre o significado da comunicação do Verbo eterno no tempo e no espaço: "A sua história, única e singular, é a palavra definitiva que Deus diz à humanidade" (n. 11).
Encontro e relação
 A expressão "encontro" e "encontrar" aparecem mais de 40 vezes na Verbum Domini. Elas resumem, em muitos aspectos, o núcleo da explicação de Bento XVI sobre as relações entre Deus e o homem e do homem e a Palavra de Deus. Citando a sua encíclica de 2005, Deus caritas est, Bento XVI afirma que, "no início do ser cristão, não há uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo" (n. 11). E ainda: "Toda a história da salvação nos mostra progressivamente esta ligação íntima entre a Palavra de Deus e a fé que se realiza no encontro com Cristo. De fato, com Ele a fé toma a forma de encontro com uma Pessoa à qual se confia a própria vida" (n. 25).
Da mesma forma, a palavra "relação" aparece mais de sessenta vezes, muitas vezes para expressar de alguma forma a íntima comunhão dada por Deus através de Jesus Cristo e das Escrituras: "O mistério da Aliança exprime esta relação entre Deus que chama através da sua Palavra e o homem que responde, sabendo claramente que não se trata de um encontro entre dois contraentes iguais; aquilo que designamos por Antiga e Nova Aliança não é um ato de entendimento entre duas partes iguais, mas puro dom de Deus" (n. 22), e "A relação entre Cristo, Palavra do Pai, e a Igreja não pode ser compreendida em termos de um acontecimento simplesmente passado, mas trata-se de uma relação vital na qual cada fiel, pessoalmente, é chamado a entrar" (n. 51).
Unidade da história da salvação
O plano de salvação de Deus, explica Bento XVI, é um plano de unidade: da unidade do único Deus surge "a unidade do desígnio divino no Verbo encarnado..." (n. 13). A primeira criação, que ocorreu por meio da Palavra eterna, está intimamente relacionada à nova criação, estabelecida por meio do Verbo encarnado: "Recordando estes elementos essenciais da nossa fé, podemos contemplar a unidade profunda entre criação e nova criação e de toda a história da salvação em Cristo" (n. 13).
Unidade da Escritura
Há uma "unidade intrínseca" dentro da Bíblia: "Na escola da grande tradição da Igreja, aprendemos na passagem da letra ao espírito a identificar também a unidade de toda a Escritura, pois única é a Palavra de Deus que interpela a nossa vida, chamando-a constantemente à conversão. Continuam a ser para nós uma guia segura as expressões de Hugo de São Vítor: 'Toda a Escritura divina constitui um único livro e este único livro é Cristo, fala de Cristo e encontra em Cristo a sua realização'" (n. 39). Bento XVI assinala que, embora a Bíblia seja composta por diversos livros escritos por diversos autores ao longo dos séculos, "a pessoa de Cristo que dá unidade a todas as 'Escrituras' postas em relação com a única 'Palavra'" (n. 39).
Aliança e comunhão:
Esses dois conceitos estiveram no centro dos escritos teológicos de Bento desde os seus primeiros textos, como jovem sacerdote, sobre São Boaventura e Santo Agostinho. Entrar na aliança é entrar em comunhão. A aliança está enraizada na comunhão do Pai, do Filho e do Espírito Santo. A morte sacrificial de Cristo estabelece a aliança e a comunhão: "Neste grande mistério, Jesus manifesta-Se como a Palavra da Nova e Eterna Aliança: a liberdade de Deus e a liberdade do homem encontraram-se definitivamente na sua carne crucificada, num pacto indissolúvel, válido para sempre" (n. 12). Tendo entrado na aliança por meio do batismo, crescemos nela por meio da escuta e da obediência à palavra de Deus: "A escuta da Palavra de Deus introduz e incrementa a comunhão eclesial com todos os que caminham na fé" (n. 30), e "deve-se evitar o risco de uma abordagem individualista, tendo presente que a Palavra de Deus nos é dada precisamente para construir comunhão, para nos unir na Verdade no nosso caminho para Deus" (n. 86).
A necessidade e a natureza da fé são discutidas várias vezes ao longo da Verbum Domini: "A Deus que Se revela é devida 'a obediência da fé' (Rm 16, 26; cf. Rm 1, 5; 2 Cor 10, 5-6); pela fé, o homem entrega-se total e livremente a Deus (…). É precisamente a pregação da Palavra divina que faz surgir a fé, pela qual aderimos de coração à verdade que nos foi revelada e entregamos todo o nosso ser a Cristo" (n. 25).
A fé exige tanto a escolha interna quanto a comunhão externa. Ela não é meramente uma questão de crença pessoal: "Cristo Jesus continua hoje presente, na história, no seu corpo que é a Igreja; por isso, o ato da nossa fé é um ato simultaneamente pessoal e eclesial" (n. 25). A Mãe de Deus é o exemplo culminante de um discípulo que respondeu perfeitamente na fé: "No nosso tempo, é preciso que os fiéis sejam ajudados a descobrir melhor a ligação entre Maria de Nazaré e a escuta crente da Palavra divina" (n. 27).
Interpretação das Escrituras
Um assunto óbvio e claramente identificado pelo Papa como um "grande tema" (n. 29). Sem fé, afirma veementemente, é impossível interpretar corretamente a Bíblia. "A ligação intrínseca entre Palavra e fé põe em evidência que a autêntica hermenêutica da Bíblia só pode ser feita na fé eclesial, que tem o seu paradigma no sim de Maria" (n. 29).
A Bíblia é o livro da Igreja, e por isso deve ser lida com o coração e a mente da Igreja: "A Bíblia é o livro da Igreja e, a partir da imanência dela na vida eclesial, brota também a sua verdadeira hermenêutica. (…) A Bíblia foi escrita pelo Povo de Deus e para o Povo de Deus, sob a inspiração do Espírito Santo. Somente com o 'nós', isto é, nesta comunhão com o Povo de Deus, podemos realmente entrar no núcleo da verdade que o próprio Deus nos quer dizer" (nn. 29, 30). Essa grande secção sobre a interpretação e a teologia bíblica (nn. 29-49) deveria ser estudada e aprofundada por muitos anos.
Os Santos
 O parágrafo 48 da Verbum Domini diz: "A interpretação da Sagrada Escritura ficaria incompleta se não se ouvisse também quem viveu verdadeiramente a Palavra de Deus, ou seja, os Santos". Essa não é, obviamente, uma simples referência, já que toda a exortação apostólica é um exemplo de como recorrer à sabedoria dos santos, doutores e místicos. Bento XVI cita muitas vezes Santo Agostinho, São Jerônimo, São Boaventura, São Tomás de Aquino, São Gregório Magno e muitos outros. Destes, São Jerônimo recebe um destaque especial (n. 72).
"Lectio Divina"
 A "leitura orante da Sagrada Escritura" é incentivada, com "particular referência à lectio divina" (n. 86), que é a leitura "divina" ou "sagrada" da Bíblia. Essa abordagem da Escritura, afirma Bento XVI, é "verdadeiramente capaz não só de desvendar ao fiel o tesouro da Palavra de Deus, mas também de criar o encontro com Cristo, Palavra divina viva". Ele, então, revisa os passos básicos da "lectio divina" (n. 87).
Missão e testemunho
A terceira parte da Verbum Domini é um apelo claro e forte a que todos os cristãos sejam testemunhas da sua fé em Cristo. "A nós cabe a responsabilidade de transmitir aquilo que por nossa vez tínhamos, por graça, recebido" (n. 91) e "a missão da Igreja não pode ser considerada como realidade facultativa ou suplementar da vida eclesial" (n. 93). A fonte para isso é a palavra de Deus. Um exemplo atemporal é o apóstolo Paulo, que "ilustra, com a sua vida, o sentido da missão cristã e a sua originária universalidade" (n. 92). Essa seção contém uma das frases mais bonitas e poderosas de todo o texto: "Não se trata de anunciar uma palavra anestesiante, mas desinstaladora, que chama à conversão, que torna acessível o encontro com Ele, através do qual floresce uma humanidade nova" (n. 93).

O porte histórico e o contexto da Verbum Domini
A exortação apostólica pós-sinodal anterior de Bento XVI, Sacramentum caritatis (22 de fevereiro de 2007), sobre a "Eucaristia, fonte e ápice da vida e da missão da Igreja", foi um documento notavelmente maior, com cerca de 32 mil palavras e 256 notas de rodapé. A Verbum Domini é ainda maior, composta por cerca de 41 mil palavras e 382 notas de rodapé, tornando-a um documento reconhecidamente intimidativo para muitos leitores. Colocando isso em perspectiva, a encíclica do Papa João Paulo II sobre a Eucaristia, Ecclesia de Eucharistia (17 de abril de 2003), tinha cerca de 18 mil palavras e 104 notas de rodapé. A Dei Verbum, a constituição dogmática do Concílio Vaticano II sobre a revelação divina tem menos de 6 mil palavras e 41 notas de rodapé. A encíclica do Papa Pio XII sobre interpretação bíblica, Divino afflante Spiritu (30 de setembro de 1943), tinha menos de 11 mil palavras, com 48 notas de rodapé.
A recepção relativamente discreta da Verbum Domini não deve obscurecer a sua importância, tanto no pontificado de Bento XVI quanto no escopo mais amplo dos documentos papais e conciliares sobre as Escrituras. Fazia mais de meio século desde que um Papa emitiu um grande documento sobre os estudos bíblicos: a encíclica do Papa Pio XII, Divino Afflante Spiritu, apresentada no dia 30 de setembro de 1943. Esse documento comemorava a encíclica do Papa Leão XIII, Providentissimus Deus ("Sobre os Estudos Bíblicos"), publicada em 1893, que marcou o início de uma nova era na interpretação e no magistério bíblicos entre os católicos. Leão XIII também criou a Pontifícia Comissão Bíblica, em 1902.
O mais recente grande texto magisterial que aborda o ensino da Igreja sobre as Escrituras era a Dei Verbum, a constituição dogmática do Concílio Vaticano II sobre a revelação divina, emitida no dia 18 de novembro de 1965.

É interessante notar que um jovem sacerdote e perito teológico da Baviera, o Pe. Joseph Ratzinger, esteve envolvido na elaboração desse documento, um dos mais importantes que surgiram do Concílio. Não surpreendentemente, esse documento fundamental é mencionado com destaque na Verbum Domini: "Pode-se afirmar que, a partir do pontificado do Papa Leão XIII, houve um crescendo de intervenções visando suscitar maior consciência da importância da Palavra de Deus e dos estudos bíblicos na vida da Igreja, que teve o seu ponto culminante no Concílio Vaticano II, de modo especial com a promulgação da Constituição dogmática sobre a Revelação divina Dei Verbum. Esta representa um marco no caminho da Igreja. (…) É de conhecimento geral o grande impulso dado pela Constituição dogmática Dei Verbum à redescoberta da Palavra de Deus na vida da Igreja, à reflexão teológica sobre a Revelação divina e ao estudo da Sagrada Escritura" (n. 3).
Documento, na íntegra, em http://bit.ly/gmIOEQ

Algumas frases da Verbum Domini
“A Palavra eterna fez-se pequena, tão pequena, que cabe numa manjedoura!” (Verbum Domini, Bento XVI)

 “Deus pronunciou a sua Palavra eterna de modo humano. O seu Verbo se fez carne!” (Jo 1,14)(Verbum Domini, Bento XVI)

“ O Verbo da Vida se manifestou em Cristo”. (Verbum Domini, Bento XVI)

 “O Senhor compendiou sua Palavra e abreviou-a em seu próprio Filho!” (Verbum Domini, Bento XVI)

 “Jesus Cristo fez-se criança para que a Palavra possa ser compreendida por nós”. (Verbum Domini, Bento XVI)

A Palavra não é apenas audível, não possui somente uma voz.
Agora, a Palavra tem um rosto que podemos ver: Jesus de Nazaré!” (Verbum Domini, Bento XVI)

Cristo, Palavra de Deus encarnada é o Senhor de todas as coisas”. (Verbum Domini, Bento XVI)

Em Cristo, a Palavra de Deus está presente como Pessoa! (Verbum Domini, Bento XVI)

O universo é como uma partitura, uma sinfonia. Dentro desta sinfonia aparece um “solo”, um tema, uma voz. Dele depende o significado da  obra inteira. Este “solo” é Jesus. (Verbum Domini, Bento XVI)

O Verbo do Eterno Pai se assemelhou aos homens tomando carne na fraqueza humana” (Verbum Domini, Bento XVI)